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Celebrações Públicas

Plenilúnio

A Lua é um dos principais símbolos do princípio feminino. As transformações biológicas na vida de uma mulher e seus ciclos seguem as fases lunares e a própria existência humana enquadra-se na mandala lunar. O espelho prateado da Lua reflete sonhos, percepções, visões e fertiliza as sementes da criatividade incubadas durante a escuridão.
No plenilúnio (o primeiro dia da Lua Cheia) e auge da força e plenitude lunar, vivenciamos os múltiplos aspectos e atributos da Grande Mãe. Nessas datas A Teia de Thea realiza rituais abertos só para mulheres, na Unipaz, reverenciando o feminino sagrado.

Plenilúnio, por Mirella Faur

Desde a antiguidade, a Lua tem sido venerada como a personificação do princípio divino feminino. Os cultos da Grande Mãe originaram-se na Era de Câncer (8.600 a.C.) e, no decorrer dos milênios, várias culturas e civilizações veneraram Deusas Lunares, conhecidas sob diversos nomes e representações, conforme o país de origem. Os estudos das antigas tradições e mitologias revelam que a interpretação da Grande Mãe como Deusa Tríplice (Donzela, Mãe, Anciã) foi baseada no ciclo das fases da Lua (crescente, cheia, minguante). Desde a antiga Babilônia, três era um número sagrado simbolizando início, meio, fim – nascimento crescimento, morte – infância, idade adulta, velhice – corpo, mente, espírito – pai, mãe, filho.

Como símbolo do princípio feminino, a Lua representa os estados da alma, os valores do inconsciente, as emoções e o psiquismo, a receptividade, sensitividade, fertilidade, inspiração e intuição. As fases lunares caracterizam aspectos psicológicos e estágios de transformação que acompanham a trajetória mensal e anual da vida da mulher.

A Lua influencia o desenvolvimento e o crescimento das plantas, o movimento das marés e dos fluidos corporais, o ciclo menstrual, a concepção, geração e nascimento do todos os seres vivos. Ao longo da história, a Lua e suas faces mutáveis têm sido o foco central de cultos e rituais, fonte de inspiração para poetas e trovadores, origem primordial dos calendários (baseados nos ciclos menstruais da mulher), marcador do momento certo para atividades agrícolas, considerada um dos luminares da astrologia (juntamente com o Sol) e assunto de inúmeras pesquisas e explorações científicas e tecnológicas atuais.

À medida que as culturas antigas matrifocais centradas na Deusa e nos valores por ela representados foram desaparecendo, sendo substituídas por hierarquias e estruturas patriarcais, o princípio lunar feminino foi sendo sobrepujado pelo princípio solar masculino. A Lua passou a ter conotações sombrias, ligadas aos aspectos instintivos, inconscientes e ocultos do ser humano, um sinônimo de inconstância e instabilidade emocional femininas e das práticas mágicas e atividades ocultas.

No entanto, as últimas décadas do século XX têm trazido uma mudança cada vez mais acentuada nos conceitos e nas escalas de valores da humanidade. Aumentou a busca para o conhecimento e transformação interior, para a integração com a natureza e os seus elementos e seres, para a expansão da consciência e a realização espiritual. Ressurgiram as antigas tradições, práticas e conhecimentos esotéricos e a dimensão mágica e oculta da deusa Lua está sendo reativada no mundo inteiro pelos movimentos esotéricos, ocultistas, feministas e ecológicos.

A Deusa está se tornando cada vez mais presente no nosso mundo e a conexão com os atributos e significados lunares contribuem para criar um canal de recepção e difusão da Sua energia inspiradora, criadora e transformadora.

As exigências impostas pelo mundo solar masculino obrigaram as mulheres a ignorar e se distanciar do seu lado lunar. Em uma sociedade que venera o pensamento científico, a razão e a ação, a intuição passou a ser ignorada, a emotividade reprimida e a sensibilidade – quando aumentada durante o ciclo menstrual – é considerada uma síndrome doentia e abafada com remédios.

Ignorando a intuição, trocando a contemplação pela ação, negligenciando o Eu interior, escondendo as emoções, desistindo da criatividade em favor da produtividade, abriram-se as portas para o desequilíbrio emocional e mental, os erros de avaliação, as armadilhas afetivas, o afloramento do material psíquico desordenado e o distanciamento dos valores e práticas espirituais.

Apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos, não se pode impunemente banir de nossa existência, centrada em parâmetros materiais, os sutis aspectos e influências lunares.

Os valores solares prevaleceram na nossa sociedade, mas o lado lunar e as necessidades a ele relacionadas não podem ser apagados ou anulados.

Por isso, é benéfico e importante encontrar soluções práticas para contrabalançar de forma consciente as polaridades lunares e solares da nossa natureza. Conhecer as características do seu signo lunar facilita compreender a estrutura emocional, reconhecer as motivações subconscientes e evitar as respostas instintivas ou racionais com a ajuda da intuição.

A Lua rege a intuição, a memória, a relação com a mãe, os comportamentos familiares, os hábitos – tanto bons quanto maus – a expressão da feminilidade e o padrão emocional.

Observar as fases lunares e suas influências sobre seu comportamento, saúde, humor, sensibilidade, sexualidade, apetite ou compulsões pode tornar-se um auxiliar precioso para detectar – e evitar – atitudes instintivas, reações exageradas ou hábitos perniciosos.

A Lua exerce sobre a mulher uma influência determinante na sua constituição física e emocional, nos seus ciclos biológicos e hormonais, no seu equilíbrio psíquico e mental.

Dezenas de estudos médicos e de estatísticas policiais comprovam o aumento do estresse emocional durante a Lua cheia e nova, levando ao aumento de internações psiquiátricas, violências, acidentes, crimes e suicídios.

As meditações em grupo, na Lua nova e, principalmente, na cheia, são recursos simples e práticos para equilibrar e reintegrar os hemisférios e equilibrar a polaridade soli-lunar. Por todo o mundo, centenas de grupos espiritualistas, escolas ocultistas, organizações eco-feministas recomendam e realizam meditações lunares.

Durante a Lua cheia, a nossa psique se abre mais facilmente para as energias cósmicas e espirituais, amplificadas pelo magnetismo lunar.

Ao se reunirem durante a Lua cheia, as mulheres, além de se harmonizarem, criam um cálice luminoso que pode irradiar energias positivas para toda a humanidade e para o próprio planeta.

Nos rituais de plenilúnio invoca-se a Deusa no seu aspecto de Mãe, atraem-se as suas bênçãos por meio de invocações, gestos, cânticos e danças, direcionando depois o poder mágico assim criado para benefícios pessoais, coletivos ou globais.

A energia da Lua cheia é perfeita para manifestar idéias, concretizar objetivos, expandir intenções e contactar a Deusa interior, reafirmando, assim, a ligação ancestral e espiritual com a Lua, eterna governanta do corpo feminino e reflexo prateado do brilho da Mãe Divina.

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